Aspectos Estruturais e Instrumentais

Tratar sobre o tema Desenvolvimento Infantil é desafiante, instigante e reflexivo, portanto,
torna-se desafiador.

É o desenrolar da vida...

O desenvolvimento deste ser tão complexo, criado por Deus, o homem.

Segundo Yañes, citando Bergés, "o indivíduo humano possui um " equipamento neuro

 fisiológico" de base que corresponde às estruturas anatômicas propriamente ditas, no

sentido físico do termo, e funções que são sustentadas por estas estruturas"

O desenvolvimento infantil na visão psicanalítica é formada pelos aspectos estruturais e
instrumentais do desenvolvimento e envolve o olhar do outro nesta estruturação.

O ser humano bebê - recém - nascido é totalmente dependente, sem o outro não sobreviveria.

Para o psicanalista Alfredo Jerusalinsk (1989) a maturação do sistema nervoso central
é o responsável pela evolução e conquistas da criança, que depende dos vínculos criados
com o outro.

Considerando a Teoria Cognitivista, baseada em Piaget e Vigotsky e também na
teoria sobre o desenvolvimento humano de Wallon, busco refletir sobre os aspectos estruturais
e instrumentais no desenvolvi mento humano.

Somos formados por duas estruturas, uma Psíquica e por uma estrutura Orgânica.
Somos Corpo e Mente.

Estas estruturas permitem as trocas do sujeito com o meio, e também  possibilitam e
sustentam os fenômenos simbólicos e virtuais.

Yañez (2011) "Quando referimos o termo psicomotricidade, imediatamente se torna

presente o corpo e suas produções, correr, pular, atividades corporais amplas e finas

como recortar, escrever e outras produções motoras que dizem de construções ligadas

ao mecânico do organismo".

Todo ser humano necessita de linguagem, de comunicação, do olhar do outro.
Para interagir com com o outro somos sujeitos formados pelo orgânico (corpo) e
psíquico (mente).

Freud aponto o olhar do outro como "impulso" para o desejo que estrutura a subjetividade
atravessa a existência do sujeito, o que origina-se na infância e perpetua-se ao longo
da vida. Neste contexto cada vez que um sonho é produzido, ou um sintoma é  colocado
em cena, é um desejo infantil que emerge e insiste em se fazer ouvir.

Jerusalinski e Coriat definem desenvolvimento como processo que se redefine a todo
momento, de acordo com a cultura e as condições b iológicas da criança.

Estrutura Orgânica - compreendidas pelas estruturas biológicas, pelo Sistema Nervoso
Central e a Estrutura Psíquica - subjetiva;  relacionando  em  sua  própria  estrutura  familiar
o "lugar" que o sujeito ocupa na família, no meio em que vive.

Somos formados por estas duas estruturas, que permitem as trocas com o meio em que
estamos inseridos, neste contexto o meio em que vivemos é denominado por Yañez de
"Aspectos Instrumentais" Precisamos  da s duas  estruturas  para  haver  comunicação,
 para haver crescimento, aprendizagem, para o desenrolar da vida...

O desenvolvimento é um desenrolar, é preciso romper laços, desejar aprender para aprender, 
vencer barreiras para crescer, para se desenvolver a criança precisa das estruturas orgânica,
cultural e social.

"Como a criança vai crescer se está agarrada como sangue suga à sua mãe?" Pergunta 
Zulema Yañez numa palestra para Psicopedagogos em SC.

Quando uma criança não aprende devemos ver o que tem na sua história que o leva a não
aprender.

O orgânico é sustentação, mas nem sempre explica todo o funcionamento humano.
O orgânico no ser humano é insuficiente por si mesmo para explicar o ser humano, é necessário o psíquico, cada um tem sua história, seu mapeamento.
O outro é primordial e é o outro quem realiza as marcas primordiais.

A Rede, é como se uma teia, fosse tecida, e abriga os imaginários, os desejos que os pais idealizam.
Função paterna e materna ( que não são necessariamente feitas pelos pais biológicos)
O outro é indispensável para fazer as inscrições  para a pessoa desenvolver-se.
A conduta, o comportamento são manifestações das inscrições que nos fizeram.
As produções do ser humano,as relações são quem fazem nossas marcas. (aqui a chave para intervenção)

Nosso olhar deve ser dirigido à história da criança, as marcas primordiais, nas atuais produções estão presentes as marcas primordiais disfarçadas de outro jeito.
A Psicanálise nos diz que as marcas são apresentadas na nossa vida em diferentes momentos e de diferentes formas, em nossos conflitos.

Ao brincar uma criança mostra o que pode formular com palavras. No brincar espontâneo apresenta posições cognitivas com o que seu organismo possibilita às oportunidades usa sua posição subjetiva.
Quando brinca a criança fala das inscrições primordiais, das funções materna e paterna como foram e as marcas que deixaram.

Os professores das séries iniciais são importantíssimos no desenvolvimento da criança e deixam suas marcas.

Aspectos Instrumentais - O desenvolvimento é um desenrolar de funções e é preciso haver  um sujeito que deseja funcionar, o outro que deseja e provoca este desenrolar, e é assim que explicamos o inicio da linguagem, o outro que dá sentido.
O bebê balbucia "ma ma ma"
A mãe ( ou quem faz a função materna) diz: Falou!!! Disse mamãe!
É aí, é esse olhar, é esse o significante, é o outro primordial que olha e espera, deseja a reação da criança e significa. "Ah, disse, falou mamãe!" É a significação do outro que a criança produz.

Aspectos Instrumentais - Linguagem / Comunicação / Aprendizagem / Psicomotricidade / Brincar

Três elementos da linguagem :
Fonológico - Como fala?
Semântico - Como entendeu?
Sintaxe - Como constrói?
Desvios fonológicos - Dislalias.


Referências:
JERUSALINSKY, J. Psicanálise e desenvolvimento infantil. 1ª ed; Porto Alegre:
Artes Médicas, 1989.
YAÑEZ, Z.A.G. O Corpo em moviemnto na educação infantil - Artigo on-line
PINHO, G.S. A Psicanálise e a Clínica de bebês. Porto Alegre: Artes e Ofícios,1997.