Pode disfarçar, esconder sintomas... As vezes o psicopedagogo deve ser detetive!
Errar pode ser o indício de "algo" não vai bem, "algo" que fala de outra coisa.
O erro pode ser produto de outra coisa, que algo que esta ali, porém encoberto.
Diz-se muito mais do saber do que do não saber.
Erro para o psicopedagogo é diagnóstico, não é o problema.
Para aprender á necessário desejo, mas não se obriga ninguém a desejar.
Desejo não se impõe, amor também não se impõe.
ninguém obriga ninguém a desejar aprender.
O desejo que encontra-se no inconsciente da pessoa, o que segundo Freud no texto
"Três Ensaios sobre a sexualidade" (1905/2006) a pulsão do saber está ligada à
necessidade de investigação que surge na criança em volta dos 3 aos 5 anos e
envolve a sexualidade.
Para Freud o desejo de saber se manifesta na criança pela ânsia de saber
sobre o sexual, a curiosidade, as questões, perguntas, começam a partir
da dissolução do complexo de Édipo.
No inicio é a simbiose: Criança / Mãe, o Pai ( que barra o desejo da mãe)
O pai introduz a lei, nesta fase em que o pai dita a lei, interdita a mãe e executa
a lei, é a fase de declínio de Édipo, neste tempo do processo é que o sujeito se
constitui como desejante, o que abre as possibilidades para querer, para desejar,
para buscar.
Quando o pai "corta", o sujeito sente-se dividido, e esta falta impulsiona a busca,
então, a partir da posição de faltante nasce o desejo, inclusive o desejo de aprender.
Portanto, para Freud o que impulsiona a aprendizagem é a sexualidade.
Segundo KUPFER:
... a iminência do desejo de saber, a ênfase não está nos
valores cognitivos, mas da transferência em si, pois os
professores pela dissolução do complexo de Édipo,
têm a possibilidade de ocupar o lugar da Lei,
autoridade que antes era dirigida ao pai,
favorecendo a transferência , o desejo e o saber.
com o outro, há de haver envolvimento, intimidade, desejo...
É preciso que haja o professor para que o aprendizado se realize.
Ora, nem sempre esse encontro é feliz. Então ' o que é aprender?'
supõe para a psicanálise, a presença de um professor, colocado
numa determinada posição, que pode ou não propiciar
aprendizagem . ( KUPFER, 2000).
Desejo tem mais a ver com o coração do que com a razão, tudo que se desenvolve,
tudo o que fazemos é para sermos desejados.
Precisa-se um CORPO que é o organismo marcado pelo desejo e inteligência com
funcionamento dinâmico.
O organismo é estático, mas o corpo é movimento. Para aprender é necessário o sujeito,
com um corpo que move-se, que é movimento. Com um organismo que compõe este
corpo, porém é estático. Mas um depende do outro para formar o sujeito é necessário
um organismo e um corpo.
O corpo é vida, o corpo fala.
Para aprender é necessário corpo, organismo, inteligência, são indissociáveis, ninguém
aprender sem um deles.
Não nascemos inteligentes, tornamo-nos inteligentes.
Fica-se inteligente porque se aprende.
Todos podem ficar inteligentes. Essa é nossa crença, enquanto profissionais de
Psicopedagogia.
A Psicopedagogia resgata, busca despertar o desejo de aprender e na busca pelo
sucesso neste processo encontra apoio na Psicanálise, uma vez que esta área estuda
o desejo do inconsciente do indivíduo.
Nesta relação entre ensinante / aprendente/ corpo/ organismo/ movimento e desejo que
impulsionará para aprendizagem, envolve toda a história do sujeito, sua vida, desde do
momento intrauterino.
Para Leitão,1997 - A maior contribuição da Psicanálise (afetiva) para a psicopedagogia
(aprendizagem) é conhecer como a criança sente e não apenas como pensa, portanto,
o professor entenderá melhor suas reações e poderá auxiliar no processo aprendizagem.
Referências:
FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905) In: Edição Standard
Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v.14. Rio de Janeiro:
Imago, 2006.
KUPFER, Maria Cristina Machado. Freud e a Educação: o mestre do impossível.
São Paulo: Scipíone, 2000.
LEITÃO, Heliane; ALMEIDA, Leda. Piaget e Freud: um encontro possível? Maceió:
Edufal, 1997.
Nenhum comentário:
Postar um comentário